Neste domingo (25), o Fantástico, da TV Globo, exibiu uma reportagem investigativa sobre os perigos por trás do Discord, aplicativo de mensagens que se tornou muito popular entre crianças e adolescentes.
A plataforma tem gerado preocupação em relação ao conteúdo violento exposto aos usuários, entre eles a importunação sexual, vídeos de incentivo à automutilação, estupro virtual, crueldade contra animais e até pedofilia.
Conforme mostrado na reportagem, influenciadas pelos criminosos, as vítimas – maioria meninas – compartilham fotos pessoais, muitas vezes íntimas. O criminoso, então, começa a exigir que a vítima cumpra desafios criados por ele. Caso contrário, imagens dela são vazadas.
“É importante que fique muito claro que não se trata de desafios que estão sendo praticados por adolescentes. Tratam-se de criminosos, a grande maioria maiores de idade, que utilizam a insegurança dessa plataforma em relação a crianças e adolescentes para praticar crimes gravíssimos”, afirmou a promotora Maria Fernanda Balsalobra, ao Fantástico.
O que é o Discord?
Lançado em 2015, o Discord é uma plataforma gratuita usada para conversas virtuais. No aplicativo, o usuário consegue reunir várias pessoas para chats ao vivo, usando uma webcam para transmitir imagens.
Além disso, a plataforma também permite que ele compartilhe conteúdos com outros usuários, inclusive de caráter sexual. Ou seja, os jovens ficam expostos a todo e qualquer tipo de material, sem nenhuma restrição.
Como os pais devem agir?
De acordo com especialistas ouvidos pelo Fantástico, os pais devem ficar muito atentos ao que os filhos fazem quando estão com computador ou celular nas mãos – principalmente quando estão sozinhos, dentro do quarto ou banheiro, com a porta fechada.
“A gente espera que os pais conversem preventivamente, busquem se os filhos têm alguma lesão, se ficam muito tempo dentro do quarto. O diálogo é importante”, disse o delegado Fábio Pinheiro Lopes.
O especialista em estudos da criança, Hugo Monteiro Ferreira, alerta que no Discord as crianças podem aprender até formas de se suicidar. “Quando eu vou para o mundo da internet, presencio pessoas que querem me manipular, presencio elementos de violência. Eu aprendo a me suicidar, aprendo a atacar escolas, aprendo a como é me autolesionar”, comenta.
O que diz o Discord
Ao Fantástico, o porta-voz do Discord disse que a plataforma “não tolera comportamento odioso”. “Nós somos um produto gratuito para mais de 150 milhões de usuários ao redor do mundo e, de tempos em tempos, conteúdo mau e comportamento mau vão acontecer. Nós trabalhamos ativamente para remover esse conteúdo”, afirmou o porta-voz.
“Gostaria de enfatizar que a vasta maioria das interações de brasileiros usando Discord são positivas e saudáveis. Nós somos proativos e investigamos grupos que podem estar envolvidos em ameaças a crianças e trabalhamos para tirar esses agentes ruins da plataforma”, disse.
